Beto Cupertino, do Violins, fala com exclusividade ao Blog do Goma
5/15/2010 01:03:00 PM - Anônimo
Neste sábado, dia 15 de maio, os goianos do Violins sobem ao palco do Goma. O vocalista e guitarrista Beto Cupertino nos concedeu uma entrevista falando sobre o recém lançado "Greve das Navalhas" e sobre a expectativa de conhecer uma parcela diferente do fiel público mineiro. Contando ainda com Thiago Ricco (baixo), Pierre Alcanfôr (bateria) e Pedro Saddi (teclados e synth), a banda tem na bagagem 6 discos absurdamente acima da média, que a consolidou como um dos nomes mais importantes do cenário independente nacional.
Beto Cupertino à frente do Violins no 13º Goiânia Noise Festival, em 2007.
A história com início em 2001 é intensa. O Violins já chegou a anunciar seu término algumas vezes e já teve diferentes formações. Inicialmente como Violins and Old Books, lançaram o primeiro disco, em 2001, com composições em inglês. Hoje, compondo em português, um dos pontos mais fortes da banda é justamente as letras. Ano passado, depois de outra interrupção, alguns integrantes chegaram a se envolver em outros projetos, mas felizmente o Violins voltou com força em "Greve das Navalhas".
Neste último disco, a temática central é o fim do mundo, mas surpreendentemente as letras são otimistas. Beto chegou a definir o disco como "dançando no fim do mundo". A guitarra pesada e as melodias tristes apontam para a aparente densidade e dramaticidade do tema, mas as letras vão na contramão. Nesse fim de semana, os apreciadores da banda podem conferir ao vivo no Goma as canções desse trabalho e uma seleção de canções dos ótimos trabalhos anteriores.
Por enquanto, confira abaixo a entrevista.
Por enquanto, confira abaixo a entrevista.
A banda faz no Triângulo Mineiro seus primeiros shows fora de casa após retomar atividades.
Luiz Fernando Motta: Os projetos que surgiram depois da última interrupção da banda tinham propostas musicais diferentes do que vocês vinham fazendo no Violins. O Agravo partindo um pouco mais para o experimentalismo de uma banda sem guitarras e o Perito Moreno com as letras em inglês e melodias mais suaves. Esses trabalhos trouxeram mudanças significativas na sonoridade do Violins em "Greve das Navalhas"?
Beto Cupertino: Creio que não muito, porque esses trabalhos eram muito focados em experiências bem peculiares. No caso do Perito Moreno, é um projeto que eu criei sozinho e trabalhei nele sozinho, com praticamente nenhuma influência no trabalho do Violins, que já tem uma atmosfera criada, é uma banda com já 6 discos lançados e um norte bem definido.
Luiz Fernando: Uma característica forte do Violins em discos anteriores era a criação de personagens que narravam histórias envolvendo temas polêmicos, como religião e discriminação racial. Em Greve das Navalhas, os personagens não esbarram nesse tipo de polêmica. O fato de ser mal compreendido por parte do público que confunde a postura da banda com a postura desses personagens levaram vocês a deixarem isso um pouco de lado nesse disco?
Beto: Sinceramente, nunca pensei nisso na hora de escrever. Na verdade, a mudança de temática e a busca por outros modos de expressão é mais uma preocupação de não soar repetitivo e tentar explorar outros caminhos do que preocupação com o que vão pensar sobre a relação da banda na vida real com as letras. Até porque nós já estaríamos queimados há muito tempo por isso, pois já colocamos pra falar alguns personagens com visões bem malucas sobre o mundo. Parar nessa altura do campeonato por preocupação com uma interpretação equivocada por parte do público seria tarde demais e, até certo ponto, inútil, já que os discos anteriores estão lançados e estarão à disposição do público sempre.
Beto Cupertino: Creio que não muito, porque esses trabalhos eram muito focados em experiências bem peculiares. No caso do Perito Moreno, é um projeto que eu criei sozinho e trabalhei nele sozinho, com praticamente nenhuma influência no trabalho do Violins, que já tem uma atmosfera criada, é uma banda com já 6 discos lançados e um norte bem definido.
Luiz Fernando: Uma característica forte do Violins em discos anteriores era a criação de personagens que narravam histórias envolvendo temas polêmicos, como religião e discriminação racial. Em Greve das Navalhas, os personagens não esbarram nesse tipo de polêmica. O fato de ser mal compreendido por parte do público que confunde a postura da banda com a postura desses personagens levaram vocês a deixarem isso um pouco de lado nesse disco?
Beto: Sinceramente, nunca pensei nisso na hora de escrever. Na verdade, a mudança de temática e a busca por outros modos de expressão é mais uma preocupação de não soar repetitivo e tentar explorar outros caminhos do que preocupação com o que vão pensar sobre a relação da banda na vida real com as letras. Até porque nós já estaríamos queimados há muito tempo por isso, pois já colocamos pra falar alguns personagens com visões bem malucas sobre o mundo. Parar nessa altura do campeonato por preocupação com uma interpretação equivocada por parte do público seria tarde demais e, até certo ponto, inútil, já que os discos anteriores estão lançados e estarão à disposição do público sempre.
"Greve das Navalhas" marca a volta do Violins um ano após anúncio do fim da banda.
Luiz Fernando: Como está sendo a experiência de tocar as novas músicas nesses primeiros shows? Vocês já conseguiram adaptar as músicas que possuem mais de uma guitarra, por exemplo, para o ao vivo?
Beto: Fizemos apenas 2 shows desde o lançamento do disco. Então, ainda estamos aprendendo um monte de coisa sobre as dinâmicas das músicas nos shows. Creio que nessa altura chegamos a algumas conclusões importantes sobre que músicas funcionam melhor ao vivo e quais não funcionam. Não temos muitos problemas para tocar as músicas em relação ao que foi gravado no disco até porque todas elas eram músicas tocadas por apenas 4 pessoas antes de irem para o estúdio e receberem os floreios de produção. Acho que o disco deve ser gravado sem muita preocupação com o ao vivo, porque ele vai ficar registrado para sempre. Os shows compensam a falta de uma ou outra guitarra pela emoção do ao vivo, que sempre vai ser mais vibrante que o disco.
Luiz Fernando: A sonoridade dos instrumentos está bastante "livre" nesse disco. O fato de vocês compartilharem influências parecidas permite que cada um tenha liberdade no processo de criação? Esse é o disco que melhor traduz as influências da banda?
Beto: Nós tivemos bastante cuidado com a sonoridade, como temos sempre. Até na parte de produção de timbres nós tentamos não ficar repetindo as coisas. Então, nossa idéia nesse em particular era soar diferente do ambiente fechado e soturno do "Tribunal Surdo", por exemplo. Nós sempre conversamos sobre isso, esses caminhos de produção, antes de começar a gravar. Acho que não poderia dizer que esse é o disco que melhor traduz nossas influências, no entanto. Cada disco teve sua importância pra gente, todos eles revelam muito do que a gente é como músicos que tocam juntos.
Luiz Fernando: Esta é a primeira vez que o Violins passa por Uberlândia e esse show ainda não é o lançamento oficial do disco. Vocês pensam em fazer uma seleção de músicas dos discos anteriores para os fãs do Triângulo Mineiro que assistirão ao show pela primeira vez?
Beto: Sim, o show terá músicas de cada passagem da banda e seus discos. Será, sim, mais pautado pelo disco novo, porque é o que estamos produzindo no momento, mas haverá músicas dos discos anteriores também.
Luiz Fernando: Em entrevista ao portal Nagulha, Thiago Ricco citou o show no Festival Garimpo, em BH, como um dos melhores da história da banda. Essa é a primeira vez que vocês se apresentam em Minas Gerais, fora de Belo Horizonte? Falem um pouco sobre a expectativa para o reencontro com o público mineiro.
Beto: Sim, é a primeira vez em Minas fora de BH. Na verdade estaremos em BH na semana seguinte aos shows em Uberlândia e Uberaba. Estou bastante curioso a respeito da reação do público, pois acho que somos totalmente desconhecidos para a maioria do público dessas cidades! Qualquer coisa diferente disso vai ser pra mim uma grande surpresa.
Beto: Fizemos apenas 2 shows desde o lançamento do disco. Então, ainda estamos aprendendo um monte de coisa sobre as dinâmicas das músicas nos shows. Creio que nessa altura chegamos a algumas conclusões importantes sobre que músicas funcionam melhor ao vivo e quais não funcionam. Não temos muitos problemas para tocar as músicas em relação ao que foi gravado no disco até porque todas elas eram músicas tocadas por apenas 4 pessoas antes de irem para o estúdio e receberem os floreios de produção. Acho que o disco deve ser gravado sem muita preocupação com o ao vivo, porque ele vai ficar registrado para sempre. Os shows compensam a falta de uma ou outra guitarra pela emoção do ao vivo, que sempre vai ser mais vibrante que o disco.
Luiz Fernando: A sonoridade dos instrumentos está bastante "livre" nesse disco. O fato de vocês compartilharem influências parecidas permite que cada um tenha liberdade no processo de criação? Esse é o disco que melhor traduz as influências da banda?
Beto: Nós tivemos bastante cuidado com a sonoridade, como temos sempre. Até na parte de produção de timbres nós tentamos não ficar repetindo as coisas. Então, nossa idéia nesse em particular era soar diferente do ambiente fechado e soturno do "Tribunal Surdo", por exemplo. Nós sempre conversamos sobre isso, esses caminhos de produção, antes de começar a gravar. Acho que não poderia dizer que esse é o disco que melhor traduz nossas influências, no entanto. Cada disco teve sua importância pra gente, todos eles revelam muito do que a gente é como músicos que tocam juntos.
Luiz Fernando: Esta é a primeira vez que o Violins passa por Uberlândia e esse show ainda não é o lançamento oficial do disco. Vocês pensam em fazer uma seleção de músicas dos discos anteriores para os fãs do Triângulo Mineiro que assistirão ao show pela primeira vez?
Beto: Sim, o show terá músicas de cada passagem da banda e seus discos. Será, sim, mais pautado pelo disco novo, porque é o que estamos produzindo no momento, mas haverá músicas dos discos anteriores também.
Luiz Fernando: Em entrevista ao portal Nagulha, Thiago Ricco citou o show no Festival Garimpo, em BH, como um dos melhores da história da banda. Essa é a primeira vez que vocês se apresentam em Minas Gerais, fora de Belo Horizonte? Falem um pouco sobre a expectativa para o reencontro com o público mineiro.
Beto: Sim, é a primeira vez em Minas fora de BH. Na verdade estaremos em BH na semana seguinte aos shows em Uberlândia e Uberaba. Estou bastante curioso a respeito da reação do público, pois acho que somos totalmente desconhecidos para a maioria do público dessas cidades! Qualquer coisa diferente disso vai ser pra mim uma grande surpresa.
Violins no Festival Garimpo 2008:
Luiz Fernando: As bandas Ophelia And The Tree e Umnavio, duas das principais representantes da cena alternativa de Uberlândia, foram escolhidas para abrir o show do Violins. As três bandas têm bastante público em comum aqui na região. Vocês já tiveram a oportunidade de conhecer esses sons? Identificam elementos parecidos entre a sonoridade de vocês?
Beto: Infelizmente, ainda não conheço as bandas, mas estou curioso para ver os shows! Agradeço pelos links, vou procurar ouvir com atenção as duas! Se são das principais representantes da cidade é porque fizeram por merecer e para o Violins é uma honra poder fazer parte da mesma noite!
Luiz Fernando: Depois de nove anos de banda, tocar pela primeira vez em uma cidade continua sendo uma experiência muito diferente de tocar em Goiânia? O Violins pretende fazer uma turnê passando por mais lugares do que as turnês dos discos anteriores?
Beto: Tocar pela primeira vez numa cidade é uma aventura sempre! Principalmente quando você já tem tantos discos lançados. É um desafio escolher músicas, montar setlist, tudo envolve uma expectativa de como será a recepção dessa cidade em que você nunca teve a oportunidade de defender suas músicas. Estamos muito felizes de poder fazer isso!
---Beto: Infelizmente, ainda não conheço as bandas, mas estou curioso para ver os shows! Agradeço pelos links, vou procurar ouvir com atenção as duas! Se são das principais representantes da cidade é porque fizeram por merecer e para o Violins é uma honra poder fazer parte da mesma noite!
Luiz Fernando: Depois de nove anos de banda, tocar pela primeira vez em uma cidade continua sendo uma experiência muito diferente de tocar em Goiânia? O Violins pretende fazer uma turnê passando por mais lugares do que as turnês dos discos anteriores?
Beto: Tocar pela primeira vez numa cidade é uma aventura sempre! Principalmente quando você já tem tantos discos lançados. É um desafio escolher músicas, montar setlist, tudo envolve uma expectativa de como será a recepção dessa cidade em que você nunca teve a oportunidade de defender suas músicas. Estamos muito felizes de poder fazer isso!
Saiba mais sobre o Violins:
violins.com.br
myspace.com/violinsbr
Baixe toda a discografia da banda:
hominiscanidaee.blogspot.com/search/label/Violins
12 de maio de 2010 às 16:51
Só uma correção na data, imagino, logo no início do post: Neste sábado dia 15 de MAIO!
Bom show pra galera aí!
12 de maio de 2010 às 19:19
Valeu pelo toque, Luiza! Já está corrigido.
12 de maio de 2010 às 20:32
Grande sacada do Goma trazer o Violins logo do lançamento desse novo CD!
E ainda rolou a promessa de passar pelos discos antigos \o/ Muito bom, muito bom!
12 de maio de 2010 às 21:03
Era uma banda que estava na mira desde que a casa abriu, mas anunciaram o fim antes do convite pro show. :P
Felizmente, estão de volta! E não tardamos em trazê-los! =)
13 de maio de 2010 às 15:30
Caramba, de alto nível a entrevista, hein? Tá de parabéns, Luiz Fernando!