Noite de gala da Monstro no Goma
2/19/2008 01:22:00 PM - Goma - Cultura em Movimento
Fotos de Adreana Oliveira
A Primeira Noite Monstro Discos (16/02) prometia ser empolgante, e as expectativas não foram frustradas. Os shows das bandas Motherfish e MQN, componentes do casting da Monstro e ambas residentes em Goiânia Rock City, promoveram instantes memoráveis aos apreciadores de rock autêntico e de personalidade.
O Motherfish abriu a noite com um show que de certa maneira me surpreendeu: ao ouvir o recém-lançado disco do grupo, Life can be a pretty scary thing, me deparei com uma sonoridade pós-punk muito bem trabalhada, recheada de riffs marcantes em uma atmosfera melodiosa, calcada em uma poética abertamente transtextual, cinematográfica.
No espetáculo, todavia, encontrei uma pegada forte, com certeza decorrente da energia proporcionada por Hudson de Lima (Dead Smurfs) nas baquetas e Victor Oliveira Rocha (da goiana Black Drawing Chalks) na guitarra, responsável também pela bela arte do disco. Os rapazes se mostravam confiantes e bem confortáveis com o seu repertório, presenteando o público com uma performance concisa e empolgante. Não é a toa que a crítica especializada vem se derretendo ao talento do Motherfish.
Só que ainda existia um trator chamado MQN. Ao som dos primeiros acordes percebi imediatamente o cuidado e o profissionalismo dos caras na equalização do próprio som. Apesar do volume ensurdecedor, praticamente não se escutavam microfonias e podia-se distinguir claramente o som de cada um dos componentes, inclusive dos vocais, coisa rara em shows de rock: reflexo, com toda a certeza dos mais de dez anos de tentativas, acertos e frustrações.
Experiência esta reconhecida por crítica e público - a banda alcançou a marca de mais de 7 mil downloads de seus EP´s e já rodou por vários países sulamericanos, além de preparar-se para a terceira turnê nos E.U.A. em março.
"O melhor e o mais alto possível" como os próprios definem sua maneira de tocar. "Uma mistura de rock com rock!", arrematam. Os uberlandenses gostaram e agradeceram da maneira que o MQN mais gosta: com litros e litros de cerveja arremessada em direção ao grupo, praxe em seus espetáculos. Mais visceral é difícil.
Um dos maiores problemas da casa, a aparelhagem de som, foi contornado pela presença de novos amplificadores (provavelmente alugados) e de um técnico de som bem-preparado e consciente da proposta musical apresentada. Em compensação, o aspecto negativo da noite centrou-se na fraca presença de expectadores, em decorrência talvez das férias acadêmicas e da concorrência de outras casas de espetáculos.
Confesso que o acontecido me faz imaginar o quanto a cena independente de Uberlândia é vinculada a um determinado perfil consumidor. Formular estratégias alternativas, ou expandir a proposta de produção e conscientização cultural para círculos mais distantes do meio universitário me parece ser cada vez mais razoável para a própria sobrevivência do coletivo.
“É extremamente necessário uma continuidade semi-exaustiva e um rígido comprometimento da cena no fortalecimento do coletivo. Não existe sorte , cara, e sim trabalho e mais trabalho.”, palavras de Fabrício Nobre, do MQN. Fortes, quer concorde-se ou não com as mesmas.
Posteriormente este que vos fala, em parceria indispensável com Victor Maciel - do blog Via Marginal e Robisson Albuquerque - o Sete, músico/escritor/apresentador, postará aqui, no sítio do GOMA, uma bate-papo na íntegra com o pessoal do Motherfish, Fabrício de Almeida Nobre - vocalista do MQN e atual presidente da Associação Brasileira de Festivais Independentes (ABRAFIN) e um especial surpresa com o simpático e solícito Fred Pinheiro, guitarrista/vocalista do Acidogroove, de Uberaba.
0 comentários:
Postar um comentário