Conheça outras faces de Jim Morrison... só hoje NIGUÉM SAI DAQUI VIVO!

4/25/2008 06:08:00 PM - Goma - Cultura em Movimento

James Douglas Morrison (Melbourne, Flórida, 8 de dezembro de 1943 – Paris, 3 de julho de 1971) foi estudante de cinema, escritor de livros de poesia e ficou realmente conhecido como Jim Morrison, vocalista e poeta da banda The Doors (1966 – 1973).

Sua poesia o coloca alinhado com Arthur Rimbaud, Charles Baudelaire e Edgar Allan Poe, possuindo influências do pensamento do filósofo alemão Frederich Nietzche e do homem-teatro Antonin Artaud. Sua poética trata da mais dura realidade sobre a humanidade, questiona a sociedade de consumo e a cultura de massa, a favor da celebração intensa da vida em confronto com suas dificuldades e sacrifícios.

Com os The Doors, amplificou-se o alcance de sua poesia, causando muita controvérsia. Formou-se uma multidão de admiradores e messiânicos, enquanto a indústria cultural estava mais interessada em apenas vender diversão. A atitude de Jim Morrison foi tentar jogar com a situação e manter-se íntegro. Recusou, então, ser visto como um messias, mas havia muita incompreensão e confusão. Recusou, também, a banalização do puro entretenimento e foi atacado com ridicularizações pela imprensa. Jogou-se em performances mais ousadas e libertadoras, jogou ainda mais poesia na cara de todos, e vieram os processos judiciais e a perseguição nas cortes de seu país. Por fim, abandonou a banda e foi para Paris para se manter como poeta.

Em 1991, foi lançado o filme The Doors, de Oliver Stone, com Val Kilmer no papel de Jim Morrison. O filme ajudou a reavivar a celebração do mito Jim Morrison e levou a uma reedição da discografia de sua banda, para uma nova geração de admiradores que vinha se formando. Mas o filme não proporcionou quase nenhuma via de entendimento e aprofundamento do sentido das atitudes ou da arte de Jim Morrison, exibindo-o praticamente como um rebelde mimado e um excessivo suicida.

No viés oposto ao filme se coloca o espetáculo teatral “Ningúem sai daqui vivo!”, uma livre adaptação de poesias, textos e fatos biográficos de Jim Morrison, criada e vivida pelo ator Fransérgio Araújo, com trilha sonora a cargo de Djdu.K, que a construiu por meio de mashups, ou seja, a recombinação de trechos de músicas dos The Doors.

A encenação firma-se conceitualmente no teatro de Antonin Artaud pela ruptura da “quarta parede”, que separa platéia e palco, público e ator, realidade e espetáculo, do mesmo modo que Jim Morrison rompia essas dicotomias, ao pular do palco para o meio do público. Portanto, nesse espetáculo não há cadeiras nem palco italiano: ator e público pisam o mesmo chão, onde também pousa o Djdu.K, que permanece em cena como representação da banda de Jim Morrison atualizada em dj, mas um dj ogan do ritual teatral, como aquele que é escolhido para se manter consciente durante o ritual, que não entra em transe mas se mantém conectado espiritualmente.

Nessa estrutura, os elementos do espetáculo – público, ator, mito e personagem – envolvem-se, muitas vezes como num happening, e são conduzidos ao distanciamento, tendo suas relações questionadas através da metalinguagem. Assim, cria-se um ritual de envolvimento e distanciamento, que possibilita perceber os sentidos da arte de Jim Morrison.

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